segunda-feira, 8 de março de 2010

Depressão no trabalho

Depressão no trabalho

Crise, desemprego ou excesso de trabalho tem vindo a agravar a saúde mental do nosso país, sendo que, estima-se que 20% dos Portugueses sofrem de depressão e que os custos associados a esta doença ultrapassem os seis mil milhões de euros. A realidade, é que a venda de psicofármacos disparou 3.6% entre 2003 e 2008 e que a depressão está associada à perda de 1200 vidas por ano e, em conjunto com a esquizofrenia esta é responsável por 60% dos suicídios.

No estudo Europeu: “Custos dos distúrbios mentais na Europa”, realizado pelo Conselho Europeu das doenças cerebrais em 28 países europeus, a depressão aparece como a doença psiquiátrica mais cara, com gastos de 1.7 mim milhões de euros, seguido da demência com o gasto de mil milhões de euros e por último, a dependência com 881 milhões.

Mas porque será que isto acontece? Será culpa das empresas, pelos resultados que querem ver obtidos? Pelas avaliações que fazem? Será culpa da sociedade, que se está a tornar violenta? Ou será culpa do indivíduo? São questões às quais ficamos sem resposta, no entanto, o psiquiatra José Miguel Caldas afirma que a culpa nem é da sociedade nem do indivíduo vulnerável, diz que isto acontece porque as pessoas estão a pagar pela exigência que lhes é imposta para uma maior produtividade, pois se olharmos para as sociedades mais tranquilas não acontece nada disto, mas também não progridem economicamente. Podemos ver isto nos Estados Unidos, onde é um país rico, mas é um país onde existe muita prevalência para as doenças psiquiátricas. Assim, existe um equilíbrio que as pessoas têm que encontrar, por enquanto, enquanto não encontram este ponto de equilíbrio vão havendo os suicídios devido à pressão no trabalho. Temos como exemplo a France Télécom, onde se suicidaram 24 pessoas em 18 meses acontecendo isto porque muitos reagiram mal ao novo ritmo da empresa e suicidaram-se. Deste modo, a maior exigência deixa os mais vulneráveis em maus lençóis: os esquizofrénicos descompensam, as pessoas com tendências depressivas deprimem-se e alguns suicidam-se.

Em Portugal, os grupos mais vulneráveis à doença – depressão são os pobres, os idosos e as mulheres, sendo que infelizmente, no nosso país o estigma desta doença é muito grande.

O Coordenador Nacional para a Saúde Mental, José Miguel Caldas de Almeida diz que para ultrapassar este estigma é necessário criar equipas multidisciplinares para apoiar a reintegração dos indivíduos na sociedade, por isso mesmo é esta uma das metas que quer levar para a frente, uma vez que as pessoas tentam esconder esta doença para não virem a ser discriminadas, nem a nível pessoal nem a nível profissional. Há assim uma série de preconceitos acerca de pessoas com depressão, tais como i) pessoas violentas; ii) agressivas; uma série de ideias negativas que vão circulando entre as pessoas e que muitas vezes levam a atitudes de rejeição e exclusão,

Deste modo, as doenças mentais são uma das principais causas da diminuição de produtividade, seja por absentismo, seja por gerar menos capacidade na prestação de serviços, podemos assim dizer que as doenças psiquiátricas têm um grande impacto em termos de incapacidade para o trabalho. Os custos das doenças psiquiátricas não estão apenas nos tratamentos, que como vimos anteriormente, tem custos elevados, mas também na diminuição da produtividade. Portanto, as empresas são uma das principais vitimas nestas doenças, que para além de afectarem os indivíduos afectam também as famílias, a economia e a coesão social.

O objectivo do actual plano de saúde mental é então, que toda a população Portuguesa tenha acesso a cuidados básicos de saúde mental, com a ajuda de unidades de cuidados continuados integrados de saúde mental, como equipas de apoio domiciliário, unidades sócio ocupacionais e unidades residenciais.

Irene Ribeiro

Aluna nº 52309

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